
Vencedor do Campeonato de Pilotos antes mesmo do final da temporada, Lewis Hamilton era o grande nome para ficar de olho no Grande Prêmio do Brasil de 2019. Porém, um safety car e uma estratégia brilhante transformaram o novato Max Verstappen na estrela daquele final de semana. Dava-se início tanto a uma era de ótimas decisões pela equipe de estratégia de corrida da Red Bull Racing quanto a ascensão definitiva de Hannah Schmitz dentro do grupo.
Considerada uma das figuras femininas de maior reconhecimento no pitwall da Fórmula 1, Schmitz começou sua carreira com uma graduação em Engenharia Mecânica na Universidade de Cambridge, localizada na Inglaterra, onde nasceu. Logo após os estudos, em 2009, entrou para a Red Bull como estagiária na área de modelagem e simulações – realizando testes de simulação. Pouco tempo depois, em 2011, passou a integrar o time de estratégia de corrida, decolando rumo ao sucesso.

Partindo da entrada de Hannah Schmitz como estrategista até os dias de hoje, a Red Bull Racing conquistou cinco títulos mundiais como construtora e desenvolveu dois campeões do mundo: Sebastian Vettel e Max Verstappen. O talento de Schmitz é tão nítido que, ao longo das temporadas, o público se deparou com tomadas de decisões ousadas, mas eficazes; tal qual o GP do Brasil, em que subiu ao pódio junto de Verstappen após três paradas eletrizantes para troca de pneus.
No entanto, nem tudo são flores, especialmente para mulheres inseridas em um universo contextualmente machista como a Fórmula 1. Em entrevista ao blog Females In Motorsport, Hannah Schmitz afirmou: “Foi difícil ser uma das primeiras mulheres a sentar no pitwall. […] As pessoas costumam achar que as mulheres são mais emotivas. E eu consigo ser emotiva. Não sou nem um pouco quando estou no pitwall, mas posso ser em outras coisas na vida. Isso é um ponto forte. E à medida que mais e mais mulheres assumem cargos de responsabilidade, podemos mostrar o quão bom isso é. A empatia é muito importante e uma característica realmente valiosa para um líder”.

Outro momento difícil em sua trajetória aconteceu após o Grande Prêmio da Holanda em 2022, em que ela conseguiu orquestrar os pit stops com maestria. Apesar do sucesso, uma onda de difamação sem fundamentos surgiu online, com muitos acusando a estrategista de conspirar junto à AlphaTauri – à época, equipe também mantida pela marca de energéticos –, para um safety car que mudou a configuração da corrida e garantiu a vitória de Max Verstappen sobre Lewis Hamilton.
Em mundo cada vez mais dominado por usuários obsessivos de redes sociais que adoram disseminar desinformação e formar tribunais para julgar tudo e todos, Hannah Schmitz segue focada e, em 2026, poderá assumir o cargo de chefe de estratégia da Red Bull com a saída de Will Courtnay para a McLaren – um feito enorme para uma mulher na F1.